quinta-feira, 28 de abril de 2011

Berinjela à Escabeche

Atendendo a pedidos da Dani, segue uma receita de berinjela bem fácil também. Não sei se é exatamente a que ela quer, tenho tantas, adoro todas! Mas eu acho que é essa: boa de comer na salada, no pão e como aperitivo mesmo. Lá vai.


Asse no forno 1 ou 2 berinjelas cortadas em fatias bem finas em assadeira untada até ficarem douradas.

Enquanto o dourado não chega, frite uma cebola grande e 4 dentes de alho picados em 1/2 copo de óleo. Junte um ingrediente por vez mexendo sempre: 1/2 xícara de salsa picada, 1 colher de sopa de orégano, sal a gosto, uma colher de sopa de shoyu, 1/2 copo de vinagre e 1/2 copo de água fervente. Depois deixe ferver por 5 minutos.

Num refratário com tampa coloque em camadas alternadas de berinjela e molho. Despeje o molho restante por cime e tampe o refratário.

Leve à geladeira e sirva só no dia seguinte.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Pizza Espanhola

Minhas receitas estão fazendo o maior sucesso entre amigos, principalmente com o pessoal do trabalho que vê a minha marmita todo dia. rs. Sendo assim, vou começar 2011 com a receita que acabou de sair do forno e é para impressionar qualquer um.


Pizza Espanhola

Eu demorei 2h30 no total para fazer a pizza sozinha, com um ajudante vai mais rápido. Parece difícil, mas não é.

Base
  • 1 pacote de biológico (7g)
  • 1 colher de chá de açúcar
  • 280 g de farinha de trigo
  • 250 ml de água quente

Cobertura
  • 1 maço de espinafre cortado;
  • 1 colher de sopa de azeite;
  • 2 dentes de alho amassados;
  • 2 ceblas picadas;
  • 1 lata de tomate pelado
  • 1/4 de colher de chá de pimenta do reino
  • 12 azeitonas pretas sem caroço, picadas
  1. aqueça o forno com fogo médio. Unte uma assadeira.
  2. Para fazer a base: Numa panela misture o fermento com o açúcar e a farinha. Coloque gradualmente a água morda até ficar macio. Amasse a massa numa superficie polvilhada com farinha até ficar macia e elastica. Coloque numa bacia untada com óleo, cubra com um pano e deixe crescer em local quente por 15 minutos ou até a massa ter dobrado de tamanho.
  3. Para fazer a cobertura: ponha os espinafre em uma panelh, tampe e cozinhe em fogo baixo por 3 minutos. Escorra e deixe esfriar. Esprema os espinafres com a mão e reserve.
  4. Aqueça o óleo em uma panela, junte o alho e a cebola e cozinhe em fogo baixo por aproximadamente 6 minutos. Adicione os tomates e a pimenta e deixe cozinhar lentamente por 5 minutos.
  5. Pressione a massa para baixo e , retire a bacia e amasse numa superficie polvilhada com farinha durante 2-3 minutos. Estenda a massa e forre a assadeira. Espalhe por cima os espinafres e depois coloque o molho de tomate e azeitonas.
  6. leve ao forno por 20-30 minutos. Corte em quadrados pequenos e sirva quente ou fria.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Bolo de Fubá

Está na hora de movimentar esse blog, é por isso que hoje vai rolar uma receita para distrair.


Bolo de Fubá

Para memorizar a receita é de 2 medidas:

bata no liquidificador: 2 ovos, 2 xícaras de leite, 2 xícaras de fubá, 1 xícara de farinha de trigo - intercale fubá-trigo-fubá, 2 colheres de fermento, uma xícara de óleo, se quiser acrescente erva-doce. Unte a forma e leve para assar por 40 minutos em fogo médio.

Hummmmmm
Bom apetite!!!!

:)


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Hoje eu tento escrever o um dos últimos trabalhos da pós graduação. Preciso interligar os temas: Manifesto Pau Brasil, Manifesto Antropofágico, o conteúdo do livro “Reflexões sobre a arte” de Alfredo Bosi, a história das Bienais de Arte de São Paulo e o Movimento Armorial.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Cooperativismo como capital social


O cooperativismo faz parte da essência humana, no seu modo de ser, de viver e de agir diante das necessidades vitais. Através da história dos povos, os homens, que são seres eminentemente gregários, sentiram a necessidade da cooperação para melhor poderem assegurar a sua sobrevivência, prover a sua prosperidade e conquistar seus objetivos.

O cooperativismo moderno nasceu com a Revolução Industrial no século XIX a partir das necessidades dos povos mais pobres que migraram do campo para a cidade e começaram a enfrentaram extensas jornadas de trabalho em condições insalubres, onde mulheres e crianças se transformaram em mão de obra barata. Neste cenário começaram a surgir organizações dos trabalhadores como sindicatos, cooperativas de ajuda mútua, associações de operários e outras formas de arranjo a fim de reivindicar uma mudança social, política e econômica.

Assim, da necessidade e do desejo da classe trabalhadora de superar a miséria pelos seus próprios meios, através da ajuda mútua, começaram a surgir às cooperativas. Embasadas em ideais utópicos da corrente liberal socialista, filósofos ingleses e franceses fundaram os princípios e políticas de ação das cooperativas modernas, são elas: a idéia de associação e ênfase na união em atividades sociais e econômicas; a cooperação como força de ação emancipadora dos trabalhadores; a organização por iniciativa própria, onde o controle a administração devem ser democráticos e se auto-gerir.

Desde então as cooperativas se expandiram por todo o mundo, são milhares delas nas mais diversas áreas de atuação consolidando-se como uma das formas avançadas de organização da sociedade civil. Proporciona o desenvolvimento socioeconômico aos seus integrantes e à comunidade; resgata a cidadania através da participação, do exercício da democracia, da liberdade e autonomia, no processo de organização da economia e do trabalho.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Molho de tomate

Foi minha tia Mari ainda na infância quem me ensinou a fazer o mais prático, o mais light, o mais saboroso e conseqüentemente, o melhor molho de tomate de todos os tempos.

Seguinte, coloque no liquidificador ½ quilo de tomate cortado grosseiramente, junte uma cebola, 2 alhos, um pouco de sal, se tiver, pode juntar cebolinha, salsinha, orégano, manjericão e pimenta do reino, bata tudo no liquidificador, depois, coloque em uma panela semi tampada, leve ao fogo baixo por uns 15 minutos até engrossar e pronto! É só jogar em cima da sua massa favorita!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Povo Brasileiro



Este trabalho pretende fazer um apanhado dos conceitos contidos na obra literária “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro e através da série homônima documental, retratar as matrizes de formação cultural dos brasileiros, seus encontros e desencontros, seu sincretismo e sua unidade.

“O mais importante é inventar o Brasil que nós queremos”, Darcy Ribeiro.


1. Matriz Tupi

Nascemos de uma humanidade indígena, que existia à pelo menos 10 mil anos antes dos portugueses desembarcarem no Brasil. Para eles, a finalidade da vida era viver. Existiam entre 1 e 8 milhões de tupis que desceram a Amazônia para o sul e subiram pelo litoral até retornar à Amazônia, andaram por todo o Brasil e conheceram a natureza em detalhe.

Os tupinambás, índios tupis que mais entraram em contato com os europeus, habitavam principalmente o litoral brasileiro, se dedicavam a arte da guerra e das festas. Acreditavam na vida após a morte e praticavam um ritual antropofágico. Para eles, haviam diversos espíritos que se manifestavam na natureza. Existiam espíritos para plantar, para colher e para caçar. A vida era como um sonho.

As aldeias tinham uma unidade social diversa, nelas haviam em torno de 8 malocas, em cada maloca moravam até 600 pessoas, como não existia nada fechado, os furtos não aconteciam. A liberdade sexual era grande, os casamentos poderiam ser desfeitos facilmente e a homo-sexualidade era normal. O homem era o guerreiro, se ocupava da caça, a mulher, do preparo do alimento e da tecelagem. Havia beleza e perfeição em tudo, porque cada coisa os retratava. A poesia, a dança, a música e o vinho faziam a ponte do convívio social.

Existia ética na guerra, o adversário era devorado fisicamente. O prisioneiro após ser apanhado, ganhava uma moça para lhe servir inclusive sexualmente. O dia de comer o inimigo, era o dia da grande festa, bebem e dançam durante todo o dia. À noite o executor diz ao prisioneiro: “quero matar-te porque muito de tua gente também matou e comeu meus amigos”, tem como resposta: “quando estiver morto terei ainda muitos amigos que saberão vingar-me”. Golpeado na nuca o corpo é cortado e assado, a mulher temporária do prisioneiro chora e o matador se isola durante algum tempo.

Em uma aldeia tupinambá existem roças e casas, mas ninguém é dono da terra. O que um sabe, todos podem saber, ninguém se apropria do conhecimento como poder político. O chefe representa a tradição, a cultura, mas não dá ordens a ninguém.

Dos índios herdamos técnicas de sobrevivência nos trópicos, o banho diário, a integração com a natureza, os rituais e o uso frutos.


2. Matriz Luza

Portugal era vanguarda, eram ousados e corajosos. Pela sua localização geografia havia a necessidade de ir ao mar para pescar e para navegar. O príncipe Dom Henrique, tecnólogo, começa a fazer invenções como a bussola e os navios de leme fixo, adventos que tornaram possível aos portugueses enfrentar o mar grosso.

No século 8 A.C. os fenícios invadiram a península levando o domínio da metalurgia, as primeiras formas de escrita e o conceito de cidade. Depois vieram os gregos e os cartagineses trazendo o comércio e a navegação. Quando os romanos chegaram em 218 A. C., introduziram o latim o que resultou na língua portuguesa. Depois chegaram os árabes que ensinaram os portugueses a fazer contas através dos algarismos arábicos.

O príncipe Dom Henrique era muito religioso, vivia com um manto sagrado envolvido em seus ombros, faziam festas para comemorar o futuro que simbolizava o Espírito Santo. Experimentavam e inovavam, tinham o principio de que era necessário se lançar à frente. O príncipe foi conhecer o mar com 15 embarcações e mesmo após a sua morte os portugueses continuavam a desbravar o mar e levavam suas descobertas de volta para seu país.

Os portugueses eram centralizadores do sagrado e do econômico, tinham uma imaginação sofisticada e uma rica criação mental, deles herdamos a idéia de povo-nação.


3. Matriz Afro

África, nação negra, nunca foi homogênea. Existiam diversas sociedades, línguas e culturas, fizeram quase tudo que aqui se fez. Conheciam a escravidão muito antes dos europeus chegarem ao seu território. Tinham propriedades: a terra, a água, os animais.

Conheciam a metalurgia e o ferro era sagrado. O sagrado estava sempre presente no mundo visível e no invisível. Cultuavam seus ancestrais e os mortos porque deles provinha o conhecimento. Acreditavam que toda a vida é sagrada e o homem é o centro.

No congo existiam 3 tipos de homem: os aristocratas, os homens livres e os escravos. A partir de um incesto o rei tornava-se o sem-família e assim passava a governar todas as outras famílias, se diferenciava das outras categorias de homens pelos seus ornamentos e pela dança.

Os africanos conheciam a arte da guerra. Os alças, vizinhos dos iorubanos foram envolvidos pelo islamismo, no Brasil chamavam-se malés. Praticavam cultos e se organizaram em seita poderosa. Os iorubanos, no Brasil chamados de nagôs, conheciam antes dos europeus a metalurgia, a economia monetária, a urbanização e possuíam estética sofisticada.

Os pilares de desenvolvimento das artes africanas eram as pessoas, a comunidade, a natureza, a criação e a tradição que ia além do real. Deixaram entre outros legados aos brasileiros: vigor e criatividade.


4. Encontros e desencontros

Nós somos uma cultura de retalhos, fusão de pessoas desencontradas, física e espiritualmente, mestiços na carne e no espírito, herdeiros de taras e talentos.

Quando chegaram os europeus, os índios os incorporaram à sua família, inclusive dando a eles uma moça a fim de conhecer suas ferramentas, os portugueses por sua vez, começaram a tirar árvores pau-brasil para levar à Portugal. O Brasil era uma aventura, todos transavam com todos e quem nascia dessa mistura já não era da mesma etnia do pai ou da mãe, era uma outra coisa.

As noticias da exuberância brasileira atiçaram a curiosidade dos piratas que também vieram aportar aqui. Vieram mais portugueses para defender o território e transformaram o Brasil em uma colônia produtiva, passando do escambo para a escravidão.

O colonial queria aliciar os índios como força de trabalho, o religioso queria criar com os índios uma Republica “pura”, fatos que resultaram em etnocídio, hecatombe. Os índios foram gastos pela escravização e pelas pestes européias, morreram milhares. Os negros eram mais fáceis de serem escravizados, pois estavam em uma terra estranha, os índios quando caiam no mato fugiam.

Nos navios negreiros, a cada 4, 5 negros, vinha também uma negrinha para o senhor branco, essas negrinhas geravam mulatos que nasciam falando português, esses já não eram africanos como suas mães e também não eram brancos, eles eram os “Zé ninguém” que foram se configurando em brasileiros.

Todo brasileiro traz na alma e no corpo traços negros e indígenas: a ternura, a mímica excessiva, a música, traz esses traços no andar, na fala e no canto de ninar. Somos um povo novo feito de povos milenares. O encontro dessas diferenças dá originalidade à gente brasileira.


5. Brasil Crioulo

Prospero moinho de gastar gente, foram mais de 6 milhões de negros despejados de Pernambuco à Bahia na civilização do açúcar. O senhor do engenho era a autoridade máxima da colônia em uma relação de dominação e intercruzamento inclusive sexual, relação de exploração de classe, mas também corporal e afetiva. A senzala era um pombal negreiro.

Com a abolição, os negros foram para as cidades, se tornaram marginais e criaram um mundo cultural paralelo. Fé e energia vieram na cabeça e no coração dos africanos. Criaram padrões rítmicos, instrumentos musicais e corpos elásticos, dominaram a cozinha, criaram o azeite de dendê e o preparo de vegetais.

Em seus dias de folga eles veneravam seus orixás, as forças naturais onde a terra é o palco dos deuses. Desde a Grécia não existia uma deusa do amor, os negros cariocas criaram Iemanjá, se vai até ela para pedir amor, para pedir que o marido seja menos violento, que a namorada seja mais carinhosa.

É preciso ser culturalmente forte para impor valores num processo de mestiçagem e isso os africanos foram. Oxossi, por exemplo, está mais vivo hoje no Brasil que na África. Vieram e transformam valores continuamente. Os crioulos criam, permanecem e se reinventam a cada momento

Levamos a marca da mão pesada que açoita, a doçura mais terna e a crueldade mais atroz, somos gente sofrida, insensível e brutal. Temos gosto e alegria de viver, não trabalhar para o brasileiro é a melhor forma de ser feliz.


6. Brasil Sertanejo

A característica mais marcante do Brasil sertanejo é o sertão. O povo que vive lá se adaptou ao ambiente hostil da caatinga, à sua alta temperatura, às escassas chuvas sem regularidade e ao solo pedregoso, impróprio para agricultura.

Os europeus trouxeram as vacas e como quebravam cercas e destruíam canaviais, o gado foi se afastando dos engenhos, assim, onde havia água fazia-se um rebanho e os currais se multiplicavam pelo nordeste. O Piauí foi o estado brasileiro onde se deu inicio a criação extensiva de gado.

O sertão tem beleza grandiosa e tradições são medievais. Existe uma quantidade enorme de cantadores, religiosos, o aceticismo está presente na sua cultura, assim como a busca da terra da promissão e o milenarismo judaico-cristão.

O cangaceiro é homem simples e ingênuo, tem muita vontade de viver, sua superstição é grande, ele enfrenta os coronéis através da violência e ostenta seu destemor nas suas vestimentas. A alegria sertaneja tornava o cangaço uma festa colorida.

Aos poucos, as dificuldades fizeram com que os sertanejos saíssem de sua terra para ser mão de obra nos centros urbanos. É deles a autoria do baião e da palavra “luar”, única no mundo. O sertão é uma reserva de coisas antigas onde tudo se renova, seu povo reflete as características dessa terra, antiga e retrograda.


7. Brasil Caipira

Outra área cultural característica do Brasil é a caipira, é ela também a que mais se transformou com o tempo. Morador da Paulistânia que compreende São Paulo, Minas Gerais, Goiás e em menor grau Espírito Santo e Rio de Janeiro. Seu povo, um dos tipos de homem rural brasileiro, proveio da mistura de portugueses e índios.

Povos que andavam Brasil adentro na misteriosa a aventura de encontrar ouro, prata e pedras preciosas. Com as descobertas desse percurso construíam igrejas como as de Ouro Preto que ostentam ouro na tintura e nos ornamentos.

Quando o ouro foi todo colhido a diáspora chega ao fim, os povos param de andar e começam a se estabelecer nos lugares, plantando para seu próprio consumo. Após a libertação dos escravos imigrantes europeus foram trazidos para trabalhar como assalariados nas plantações.

O caipira foi quem inventou o bairro, aquela porção de território onde todos têm pouco contato, mas todos se sentem parte da mesma comunidade. São com as pessoas do bairro se fazem as festas e se constroem casas em mutirão. O lazer fazia parte da cultura do caipira, nos finais de semana ele caçava e pescava, cultura índia, típica dieta do caipira.

Com o advento da indústria começaram a surgir novas formas de produção agrícola, a comunicação de massa começa a transformar os padrões de consumo e fazer destes padrões algo intangível para os caipiras. As instituições tradicionais começam a perder força, assim a escola não ensina mais, a igreja não doutrina e os partidos políticos não politizam. O tempo do caipira fica cada vez mais escasso e ele migra para às margens da cidade a ser também mão de obra.

Assim tornou-se folclore na cidade com sua música original que serve de inspiração para sua sobrevivência nos centros urbanos. O caipira sempre se configurou em uma cultura aberta que assimilou e devolveu novas maneiras de encarar a sociedade.


8. O Brasil Sulino

Os jesuítas espanhóis queriam fazer dos índios guaranis “o povo de deus”, começaram a reprimi-los através de confissões diárias e pela idéia de pecado. Suas cidades foram construídas em forma de cruz, no centro ficavam as igrejas. Os comeram não na carne, como nos rituais antropofágicos tupinambás, mas na alma, fizeram nos índios uma lavagem cerebral.

O povo sulino foi formado pela aculturação entre os índios guaranis, pelos açorianos trazidos e Portugal para defender o território, pelos paraguaios que vinham de Assunção, por diversos gringos que aportaram ali e formaram colônias de outras regiões européias no interior do sul e por paulistas mamelucos que marcharam rumo ao sul.

Os portugueses sempre tiveram a intenção de expandir as fronteiras o Brasil, mas o sul foi o território mais conturbado. Não existiam fronteiras determinadas, existiam brigas onde se encontravam portugueses e espanhóis.

O rebanho bovino levado pelos espanhóis se multiplicou pela região e fez do gaucho um povo do gado. O processo de miscigenação no Brasil sulino foi o mais lendo de todo o país, até hoje podem-se observar colônias alemãs ou italianas “puras”.

Uma nação é antes de tudo, um sentimento de pertencimento à uma cultura ou nacionalidade no campo afetivo ou no intelectual. O Brasil sulino se transformou em um laboratório de aculturação.


9. O Brasil Caboclo

No Amazonas se configurou a mistura de índios com brancos e de índios com negros. A exuberância e o mistério fizeram da Amazônia o reino dos mitos brasileiros, é Saci-Pererê, Boto, Curupira, Iara, Muiraquitá e diversas outras lendas.

Os europeus trouxeram consigo suas pestes como varíola, gripe e coqueluche e os índios não resistiram a essas doenças, morreram milhares, foram dizimados, mais de 2 milhões de índios mortos em 30 anos pelas pestes e pela dominação européia.

Se misturaram aos mestiços e continuaram a falar tupi por longa data, até que com uma política de Dom Pedro II o português foi imposto como língua oficial. O caboclo leva em sua essência uma tecnologia primitiva adaptativa.

Em 1880 a região amazônica entra em um novo contexto econômico mundial. Começa a cultura extrativista, importações e exportações, dá início a uma elite mais vinculada à Europa que ao Brasil e uma economia que somente drenava recursos.

A Amazônia foi industrializada, mas depois da 1ª Guerra Mundial houve êxodo da região, as construções e indústrias ficaram abandonadas até a construção da Rodovia Transnacional que facilitou a degradação da região.

Os povos que habitavam as florestas se configuraram após a industrialização nos povos mais pobres e marginais da cidade, quando não mendigos, pois perderam a habilidade de se manter na floresta e tem dificuldade de se integrar a vida da cidade.

A Amazônia é considerada por Darcy Ribeiro o “jardim da Terra”, com alguma conscientização, turismo organizado e formas alternativas de trabalho integrado à natureza como a piscicultura é possível dar um curso diferente à essa região.


10. Invenção do Brasil


Os brasileiros são uma humanidade tropical. Toda a aventura humana foi trilhada através de conquistas, seduções, paixões, conflitos e também por meio da paz. Os povos se interpenetraram pelo amor ou pela força. Nada preservou sua pureza original quando aqui chegou, somos um povo unificado, mesmo com tantas diferenças nos tornamos uma nação homogênea.

Dizem que somos cordiais e pacíficos, mas não se atentam aos diversos conflitos e guerras sangrentas que tivemos ao longo da nossa história. Mais de 100 mil caboclos foram trucidados em prol da unidade, os cabanos fizeram isso e Palmares se tornou símbolo do enfrentamento racial e de resistência, de tal modo que as rebeliões e as lutas fazem parte da nossa formação.

O que inventamos foi um povo e um país, reinventamos a língua portuguesa e continuamos e inventar a técnica genética e simbólica do Brasil.

Muita coisa deu certo outras não, temos problemas com instituições como as educacionais, de saúde, políticas. Temos problemas com regras impessoais. Por outro lado na nossa subjetividade pode-se traduzir na vitalidade iorubá filtrada por uma ternura lusitana com elementos e pensamento mágico do mundo indígena.

Temos sobretudo, a capacidade de sobrepor os males e sorrir. A utopia brasileira é apurar as formas de nossa convivência sem perder o fogo dos afetos. Segundo Darcy Ribeiro “viver não é preciso, mas sem sonhar não se vive”.